Bagualosaurus agudoensis viveu no período Triássico, há cerca de 230 milhões de anos

Representação artística da paisagem na região de Agudo (RS), há 230 milhões de anos. No centro da imagem, uma dupla de Bagualosaurus agudoensis confronta o cinodonte Trucidocynodon riograndensis (canto inferior esquerdo). No canto inferior direito, um Hyperodapedon, réptil herbívoro do grupo dos rincossauros. Ao fundo, um grupo de cinodontes, Exaeretodon riograndensis, observa a cena - Arte: Jorge Blanco

Primeiros restos do Bagualosaurus agudoensis como foram encontrados na rocha. Alguns dentes do animal podem ser vistos no centro da imagem – Foto: Cristina Bertoni-Machado
Estudo publicado nesta sexta-feira, 25 de maio, no periódico científico britânico Zoological Journal of the Linnean Societyapresenta uma nova espécie de dinossauro, que viveu no período Triássico, há cerca de 230 milhões de anos. O fóssil foi encontrado no município de Agudo, no Rio Grande do Sul, e foi estudado por paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de São Paulo (USP). A nova espécie, nomeada Bagualosaurus agudoensis, faz parte da linhagem dos sauropodomorfos, que inclui os maiores dinossauros conhecidos: quadrúpedes herbívoros de portes titânicos e pescoços compridos, a exemplo do brontossauro e do braquiossauro, que viveram no período Jurássico.
Apesar de não ser um gigante como seus parentes do Jurássico e do Cretáceo, o Bagualosaurus era considerado grande para sua época. Conforme explica o paleontólogo da UFSM Flávio Pretto, que liderou o estudo durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS, há 230 milhões de anos, quando os primeiros dinos começavam a surgir no planeta, a maior parte deles eram animais pequenos, que mal chegavam a 1,5 metro do focinho à ponta da cauda, enquanto o Bagualosaurus ultrapassava os 2,5 metros de comprimento.
Além de ser maior que seus parentes da época, que eram onívoros, o Bagualosaurusapresentava dentes adaptados para se alimentar de plantas. Apesar de não ser possível afirmar com certeza se sua dieta era estritamente herbívora, Pretto explica que o formato dos dentes e do crânio indicam que as plantas contemplavam uma parte importante da dieta desses animais, e é pouco provável que comessem carne também. “Esse novo hábito alimentar foi crucial para que os sauropodomorfos pudessem atingir grandes tamanhos, como se veria milhões de anos mais tarde”, afirma o paleontólogo.

Foto e reconstrução (partes preservadas representadas em cor mais clara) do crânio e da mandíbula de Bagualosaurus agudoensis – Foto: Luiz Flávio Lopes/UFRGS – Ilustração: Flávio Pretto
“Um dos pontos interessantes sobre Bagualosaurus é que o animal apresenta características de dinossauros tipicamente herbívoros (por exemplo, os dentes em forma de folha, com coroa dentária alta, aliados a um crânio relativamente pequeno). E ao mesmo tempo, ele era um dinossauro grande para os padrões da época (rivalizando em tamanho com boa parte dos outros animais herbívoros do seu tempo)”, explica Pretto. Até o momento, pensava-se que essas características só teriam surgido mais tarde em sauropodomorfos. “Com o Bagualosaurus, agora sabemos que essa tendência parece ter aparecido mais cedo na linhagem”, complementa.
O Bagualosaurus é a sétima espécie de dinossauro descrita para o Triássico do Rio Grande do Sul e deve ter convivido com quatro outras, Pampadromaeus barberenai, Saturnalia tupiniquim, Buriolestes schultzi e Staurikosaurus pricei. Segundo os coautores do estudo Max Langer e Cesar Schultz, professores do Departamento de Biologia da USP e do Departamento de Paleontologia da UFRGS, respectivamente, fósseis de dinossauros tão antigos são bastante raros, com esqueletos bem preservados encontrados apenas no sul do Brasil e no noroeste da Argentina. Assim, quase tudo o que se sabe sobre a aurora dos dinossauros provém desses fósseis sul-americanos. Agora, com a descoberta do Bagualosaurus, a origem do gigantismo dentre os dinossauros herbívoros começa a ser desvendada.

Representação esquemática do esqueleto do Bagualosaurus agudoensis. Ossos preservados estão representados em cor mais clara – Ilustração: Flávio Pretto
Artigo científico
PRETTO, Flávio A.; LANGER, Max C.; SCHULTZ, Cesar L. A new dinosaur (Saurischia: Sauropodomorpha) from the Late Triassic of Brazil provides insights on the evolution of sauropodomorph body plan. Zoological Journal Of The Linnean Society, 25 maio 2018.
Fonte: http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/tataravo-de-gigantes-nova-especie-de-dinossauro-brasileiro-traz-pistas-sobre-a-origem-dos-grandes-dinossauros-herbivoros/
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