Bagualosaurus agudoensis viveu no período Triássico, há cerca de 230 milhões de anos
Estudo publicado nesta sexta-feira, 25 de maio, no periódico científico britânico Zoological Journal of the Linnean Societyapresenta uma nova espécie de dinossauro, que viveu no período Triássico, há cerca de 230 milhões de anos. O fóssil foi encontrado no município de Agudo, no Rio Grande do Sul, e foi estudado por paleontólogos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade de São Paulo (USP). A nova espécie, nomeada Bagualosaurus agudoensis, faz parte da linhagem dos sauropodomorfos, que inclui os maiores dinossauros conhecidos: quadrúpedes herbívoros de portes titânicos e pescoços compridos, a exemplo do brontossauro e do braquiossauro, que viveram no período Jurássico.
Apesar de não ser um gigante como seus parentes do Jurássico e do Cretáceo, o Bagualosaurus era considerado grande para sua época. Conforme explica o paleontólogo da UFSM Flávio Pretto, que liderou o estudo durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Geociências da UFRGS, há 230 milhões de anos, quando os primeiros dinos começavam a surgir no planeta, a maior parte deles eram animais pequenos, que mal chegavam a 1,5 metro do focinho à ponta da cauda, enquanto o Bagualosaurus ultrapassava os 2,5 metros de comprimento.
Além de ser maior que seus parentes da época, que eram onívoros, o Bagualosaurusapresentava dentes adaptados para se alimentar de plantas. Apesar de não ser possível afirmar com certeza se sua dieta era estritamente herbívora, Pretto explica que o formato dos dentes e do crânio indicam que as plantas contemplavam uma parte importante da dieta desses animais, e é pouco provável que comessem carne também. “Esse novo hábito alimentar foi crucial para que os sauropodomorfos pudessem atingir grandes tamanhos, como se veria milhões de anos mais tarde”, afirma o paleontólogo.
“Um dos pontos interessantes sobre Bagualosaurus é que o animal apresenta características de dinossauros tipicamente herbívoros (por exemplo, os dentes em forma de folha, com coroa dentária alta, aliados a um crânio relativamente pequeno). E ao mesmo tempo, ele era um dinossauro grande para os padrões da época (rivalizando em tamanho com boa parte dos outros animais herbívoros do seu tempo)”, explica Pretto. Até o momento, pensava-se que essas características só teriam surgido mais tarde em sauropodomorfos. “Com o Bagualosaurus, agora sabemos que essa tendência parece ter aparecido mais cedo na linhagem”, complementa.
O Bagualosaurus é a sétima espécie de dinossauro descrita para o Triássico do Rio Grande do Sul e deve ter convivido com quatro outras, Pampadromaeus barberenai, Saturnalia tupiniquim, Buriolestes schultzi e Staurikosaurus pricei. Segundo os coautores do estudo Max Langer e Cesar Schultz, professores do Departamento de Biologia da USP e do Departamento de Paleontologia da UFRGS, respectivamente, fósseis de dinossauros tão antigos são bastante raros, com esqueletos bem preservados encontrados apenas no sul do Brasil e no noroeste da Argentina. Assim, quase tudo o que se sabe sobre a aurora dos dinossauros provém desses fósseis sul-americanos. Agora, com a descoberta do Bagualosaurus, a origem do gigantismo dentre os dinossauros herbívoros começa a ser desvendada.
Artigo científico
PRETTO, Flávio A.; LANGER, Max C.; SCHULTZ, Cesar L. A new dinosaur (Saurischia: Sauropodomorpha) from the Late Triassic of Brazil provides insights on the evolution of sauropodomorph body plan. Zoological Journal Of The Linnean Society, 25 maio 2018.
Fonte: http://www.ufrgs.br/secom/ciencia/tataravo-de-gigantes-nova-especie-de-dinossauro-brasileiro-traz-pistas-sobre-a-origem-dos-grandes-dinossauros-herbivoros/
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