quarta-feira, 27 de junho de 2018

Museu de Geociências instiga público a conhecer melhor os dinossauros


Organizada pelo professor Luiz Eduardo Anelli, a exposição “Dinossauros?” traz 100 bonecos que provocam os visitantes a aprender mais sobre estes animais pré-históricos
Cerca de 200 milhões de anos atrás, mais de mil espécies de dinossauros dominavam a Terra. De tamanhos e características muito diversos, esse grupo especial de répteis desperta até hoje a curiosidade não apenas de cientistas – interessados em descobrir detalhes sobre seu surgimento, vida e extinção -, mas do público, que alimenta sua imaginação com filmes e livros. A partir do dia 18 de novembro, os apaixonados por estes gigantes terão à disposição a mostra Dinossauros?, inaugurada no Museu de Geociências da USP.
Foto: Cecília Bastos
Foto: Cecília Bastos
Cada bloco que compõe a exposição traz uma pergunta para o público. Quem é o intruso? O que teremos para jantar? A defesa é o melhor ataque? Quem veio primeiro, o ovo ou o dinossauro? “São provocações que não vamos responder. Queremos questionar, estimular o diálogo entre os visitantes”, afirma o o paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências (IGc) da USP e curador da mostra.
Estarão expostos alguns itens de sua coleção particular e de um colecionador que conheceu pela internet graças ao interesse pelos dinos. Traz ainda bonecos adquiridos nos anos 50 pelo Instituto, mas que estavam guardados. “Agora eles serão ‘superstars’. Esta é a pré-história dos bonecos, um verdadeiro tesouro, pois mostra como se faziam estas peças antigamente, sem cores, penas, meio tortos”, explica. São ao todo 100 peças: 70 dinossauros e 30 outros bonecos de animais pré-históricos, como crocodilos e alguns répteis voadores geralmente confundidos com dinossauros.

Dinossauros brasileiros

Foto: Cecília Bastos
Foto: Cecília Bastos
O público poderá ver como eram alguns dos dinossauros que viveram no Brasil, como o Sacissaurocujos fósseis foram encontrados na cidade de Agudo, no interior do Rio Grande do Sul, e o Baurutitan, um titanossauro descoberto em Uberaba, em Minas Gerais. Anelli conta que, atualmente, considera 28 o número de espécies conhecidas de dinossauros que habitaram nosso território, mas estima-se que muitas outras também tenham vivido por aqui. “O que acontece é que às vezes só se tem o dente ou uma tíbia, por exemplo. Sabemos que é um dinossauro, mas não de qual família, então não temos nem como nomear. Ou então sabemos que o exemplar pertence a uma família, mas não se sabe a espécie, então muitos achados não são assumidos como dinossauros”, explica.
Os 28 dinos nacionais são as estrelas de um livro lançado junto à exposiçãoVoltado para crianças, Colorindo dinos do Brasil foi elaborado por Anelli junto à escritora Celina Bodenmüller, com ilustrações de Felipe Elias. Foram produzidos 500 exemplares, que poderão ser adquiridos no próprio museu. Este não é o primeiro livro do professor sobre os nossos dinossauros: Dinos do Brasilvoltado para o público infanto-juvenil, levou em 2012 o Prêmio FNLIJ, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, na categoria Informativo, e foi finalista do Prêmio Jabuti no mesmo ano, na categoria Didático e Paradidático.
Foto: Cecília Bastos
Luiz Eduardo Anelli, professor do IGc e ‘dinomaníaco’| Foto: Cecília Bastos
No também premiado O Guia Completo dos Dinossauros do Brasilo paleontólogo explica por que no Brasil os vestígios destes animais são sempre tão incompletos. “Os esqueletos encontrados aqui aparecem retrabalhados. O clima que perdurou durante 160 milhões de anos, no período dos grandes dinos, era árido, com chuvas concentradas, o que remobiliza sedimentos e dificulta a descoberta de um esqueleto completo”. O professor explica, no entanto, que mesmo que novas descobertas sejam feitas, a diversidade de espécies aqui deve continuar baixa. “Na Argentina, que tinha um clima mais úmido, se conhece 110 dinossauros. O Brasil não era o melhor lugar para um dinossauro viver – e hoje, não é o melhor lugar para um paleontólogo viver porque o clima estraga muito as rochas”, pontua.

Para pais e filhos

Com a exposição, Luiz Anelli espera trazer um novo público ao Museu, cujo acervo inclui amostras de minerais, minérios, gemas, rochas, espeleotemas, meteoritos e fósseis. “A criançada ama os dinossauros e se elas vêm, os pais vêm junto. Aqui é um museu maravilhoso. Temos aqui, por exemplo, o terceiro maior meteorito do Brasil, o Itapuranga”, lembra. A paixão de pequenos e adultos pelos dinossauros pôde ser comprovada em 2006, durante a exposição Dinos na Oca, realizada no Parque Ibirapuera sob sua curadoria: a estreia bateu recorde de visitação.
Quem for ao Museu de Geociências também poderá ver no térreo do prédio a réplica em tamanho natural de um alossauro. Com 12 metros de comprimento por três metros e meio de altura, o esqueleto foi adquirido pelo Instituto por iniciativa da Oficina de Réplicas do IGc, coordenada pelo professor. “Este é o primeiro dinossauro da cidade de São Paulo”, explica Anelli, que relata que seu gosto por estes animais só surgiu mesmo depois de adulto. “Foi algo que começou quando passei a dar aulas na Universidade. Os dinossauros foram meus melhores professores, me ensinaram a me apaixonar pela pré-história, a aprender sobre tempo geológico e evolução”, afirma.
Foto: Cecília Bastos
Foto: Cecília Bastos

Visite

A exposição Dinossauros? pode ser visitada até fevereiro de 2016. O Museu de Geociências funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às às 17 horas, com entrada gratuita. O endereço é Rua do Lago, 562 – 1º andar, Cidade Universitária, São Paulo, no prédio do Instituto de Geociências da USP. Veja aqui como chegar. A visita em grupos deve ser agendada pelo telefone (11) 3091-3952.

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